De modo geral, as habilidades motoras finas e grossas são responsáveis pelas ações de controlar nossos corpos.
No caso da coordenação motora fina, estão envolvidos nossos pequenos músculos, como os da mão, dedos, palmas, boca e olhos, dentre outros, que afetam nossos movimentos específicos de escrever, abrir uma porta, segurar um objeto, etc.
Mas, você sabia que a dificuldade é muito maior em crianças e jovens com diagnóstico de autismo e TDAH? E isso pode e deve ser trabalhado para incentivá-los.
Então, acompanhe nosso artigo de hoje e saiba o que é coordenação motora fina, como estimular e por quê, além de atividades que podem ajudar. Vamos lá?
Entendendo o que é coordenação motora fina
A coordenação motora fina é uma importante parte do desenvolvimento humano, envolvendo uma complexa rede de habilidades e processos neurológicos e psicológicos.
No nível neurológico, a coordenação motora fina está ligada ao desenvolvimento e à maturação de áreas específicas do cérebro, como o córtex motor, que é responsável pela iniciação e coordenação dos movimentos precisos das mãos e dedos.
A integração sensorial, que é o processo pelo qual o cérebro interpreta e coordena as informações sensoriais provenientes do próprio corpo e do ambiente, também é essencial para a coordenação motora fina.
Isso inclui a propriocepção, que é a percepção do movimento e da posição do corpo, e a sensação tátil, que é a capacidade de sentir e responder ao toque.
Do ponto de vista psicológico, a coordenação motora fina está associada ao desenvolvimento cognitivo e emocional.
Habilidades motoras finas bem desenvolvidas podem contribuir para a autoestima e a autoconfiança, pois permitem que a criança explore e interaja com o mundo de maneira mais eficaz.
Além disso, a capacidade de realizar tarefas que requerem precisão manual, como escrever ou desenhar, está ligada ao desenvolvimento da linguagem e da expressão criativa.
Transtornos do desenvolvimento da coordenação, como o Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC), ressaltam a importância de entender e apoiar o desenvolvimento da coordenação motora fina.
O TDC é caracterizado por dificuldades nas habilidades motoras que não são atribuíveis a deficiências intelectuais, sensoriais primárias ou neurológicas.
Crianças com TDC podem enfrentar desafios significativos em suas vidas diárias, acadêmicas e sociais, incluindo baixo rendimento escolar e isolamento social.
Portanto, é vital que pais e educadores estejam cientes dessas dificuldades e implementem estratégias diferenciadas para apoiar o desenvolvimento motor dessas crianças.
Coordenação motora fina em crianças com TEA e TDAH
A dificuldade na coordenação motora fina é maior em crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
Estudos mostram que até 60% das crianças com TEA e TDAH podem apresentar desafios nessa área, o que pode impactar significativamente suas habilidades diárias e seu desenvolvimento global.
As dificuldades na coordenação motora fina em crianças com TEA e TDAH podem se manifestar de várias maneiras e podem estar relacionadas a outros desafios de desenvolvimento, como:
- Interação social
- Processamento sensorial
- Dificuldades cognitivas, comunicação
- Planejamento motor.
Por exemplo, dificuldades na coordenação motora fina podem dificultar a participação em atividades de grupo, o que, por sua vez, pode afetar a interação social e a comunicação.
Além disso, é importante destacar a relação entre as habilidades motoras finas e a fala e linguagem.
Os músculos faciais estão intimamente relacionados com a capacidade de filtrar e expressar a linguagem, portanto, dificuldades na coordenação motora fina podem influenciar negativamente a comunicação verbal e não verbal.
Por que estimular a coordenação motora fina?
O início do desenvolvimento infantil é definido por um período de intensas modificações e avanços, seja motor, mental, físico ou social, por isso, é importante estimular a coordenação motora fina desde a infância.
Isso porque, a criança tende a apresentar alta receptividade e sensibilidade aos estímulos vindos do ambiente, no entanto, ainda depende inteiramente da relação que estabelece com pessoas e objetos no seu cotidiano.
Por meio da exploração, a criança passa a desenvolver consciência de si mesma e do mundo externo, sendo um fator imprescindível para a maturação das suas competências e futuramente aquisição de sua independência.
Nesse sentido, a coordenação óculo-manual representa a atividade mais frequente e comum no ser humano. Mesmo quando muito pequenos conseguimos pegar em objetos, transportá-los, atirá-los, além de usá-los para brincar, escrever, desenhar, pintar, comer, etc.
Essa relação com objetos necessita de uma atividade manual, guiada visualmente, que integra ao mesmo tempo várias estruturas.
Coordenação motora fina e o impacto nas atividades das crianças
O desenvolvimento da coordenação motora fina é essencial para o desempenho das tarefas que a criança realiza diariamente.
Desde tarefas básicas de higiene, como vestir-se e escovar os dentes, até atividades recreativas, como brincar e desenhar, a coordenação motora fina é essencial em todas essas áreas.
Particularmente em atividades que requerem o uso de lápis, caneta ou outras ferramentas de escrita e desenho, como pintar e escrever, a coordenação motora fina é fundamental.
A habilidade de manipular essas ferramentas com precisão influencia diretamente na qualidade do trabalho realizado, seja na escrita legível, na arte criativa ou em outras atividades que exigem destreza manual.
A falta de desenvolvimento adequado da coordenação motora fina pode ainda ter impacto na aprendizagem escolar da criança.
Dificuldades em escrever de forma legível, colorir dentro das linhas e completar tarefas que exigem habilidades motoras finas podem levar a frustração e desmotivação na escola.
Além disso, as atividades cotidianas podem se tornar desafiadoras e até mesmo desgastantes para a criança, afetando sua autoestima e bem-estar emocional.
Habilidades de coordenação motora fina
A maturação da motricidade fina é primordial para a relação da criança com o meio e acontece quando a criança interage com objetos e utiliza ferramentas, como por exemplo, nas atividades da vida diária.
Estas, por sua vez, são atividades orientadas para o auto cuidado, e incluem tomar banho, vestir-se, alimentar-se e higiene pessoal. Em todas elas manipulamos objetos ou ferramentas que são necessárias para a sua efetiva execução, sendo importante considerar o nível de independência de cada pessoa.
Ao falar de motricidade, fazemos referência a várias habilidades de coordenação motora fina que podem ser resumidas da seguinte forma:
- Alcance: extensão ou movimento do braço de forma efetiva para agarrar objetos;
- Preensão: apreender efetivamente com pinça e preensão os objetos de tal forma que não escorreguem;
- Carregar/transportar: segurar e levar um objeto de um lugar para o outro;
- Largar/soltar voluntário: deixar intencionalmente o objeto que tinha na mão, num tempo e espaço específico;
- Uso bilateral das mãos: utilização conjunta das mãos para realizar uma atividade;
- Manipulação: ajustamento de um objeto na mão, depois de agarrá-lo. Ex. agarrar uma caneta e posicioná-la corretamente para pintar;
- Destreza: capacidade para realizar pequenos movimentos com as nossas mãos, de forma precisa e eficiente e sem grande esforço.
Vale ressaltar que, se a criança apresenta problemas de motricidade fina, só uma avaliação cautelosa pode apontar onde está a origem dos problemas, além de identificar quais áreas e competências devem ser trabalhadas, sem que se perca tempo com atividades gerais.
Através da avaliação, a depender da idade e das dificuldades existentes na criança, poderão ser propostas atividades específicas para cada problema apresentado, a fim de compensar as competências menos desenvolvidas.
Brincadeiras que estimulam a coordenação motora fina
Como citamos acima, a coordenação motora fina de crianças está ligada diretamente com o aprendizado da escrita e do desenho, além das atividades diárias como se vestir, correr e brincar.
Sendo assim, desenvolver a coordenação motora fina envolve o controle motor do olho, coordenação visomotora, destreza manual, dentre outras habilidades.
Dessa forma, algumas atividades e brincadeiras que estimulam a coordenação motora fina podem ser feitas até em casa, durante o dia a dia, confira alguns exemplos:
- pintura a dedo;
- montar cordões de miçanga;
- quebra-cabeças;
- escrever, colorir e desenhar;
- colagens;
- jogos de tabuleiro;
- instrumentos musicais;
Atividades Físicas Adaptadas
As Atividades Físicas Adaptadas (AFA) são uma excelente opção para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
Essas atividades são cuidadosamente planejadas e adaptadas para atender às necessidades individuais de cada criança, proporcionando uma experiência inclusiva e divertida.
As AFA podem incluir uma variedade de atividades psicomotoras realizadas tanto no solo quanto na piscina.
No solo, as crianças podem participar de exercícios e jogos que visam desenvolver habilidades motoras, equilíbrio e coordenação. Isso pode incluir corrida, saltos, exercícios de equilíbrio e jogos de equipe que promovem a interação social.
Na piscina, as crianças podem desfrutar de atividades aquáticas que oferecem uma experiência sensorial única.
Nesse ambiente, elas podem praticar habilidades de natação, flutuação e movimentos coordenados, ao mesmo tempo em que experimentam uma sensação de relaxamento e liberdade de movimento.
O objetivo das AFA é proporcionar às crianças com TEA e TDAH a oportunidade de se envolverem em atividades físicas de uma forma que seja adequada e confortável para elas.
Ao participar dessas atividades adaptadas, as crianças podem melhorar suas habilidades sociais, desenvolver habilidades motoras e desfrutar de uma sensação de realização e inclusão.
Mesclar atividades diárias com atividades específicas orientadas por profissionais é a melhor forma de desenvolver a coordenação motora fina das crianças.
Para conhecer mais e tirar todas as suas dúvidas, acesse nossa página do Programa de Atividades Físicas Adaptadas.