A maior parte das crianças que iniciam o tratamento e que tiveram o diagnóstico de autismo apresentam comportamentos inapropriados significativos.
Uma pesquisa feita em 2018 no Canadá revelou que cerca de 60% das crianças dentro do espectro autista em início de tratamento apresentam características de transtorno comportamental.
Ou seja, a cada 5 crianças, 3 possuem um aspecto significativo que indica problemas de comportamento.
Comportamento inapropriado
O choro excessivo, bater nos coleguinhas e nos adultos, chutar, morder, lançar e destruir objetos, atirar as coisas de propósito, o autolesão (agredir a si mesmo, bater com a cabeça na parede, etc.), cuspir no outro ou cuspir no chão, são atitudes que caracterizam problemas de comportamento.
Em alguns casos extremos, a criança autista apresenta vômito induzido como uma maneira radical de conseguir atenção, ou impedir alguma atividade que não queira fazer.
Esse tipo de comportamento acaba limitando o trabalho do profissional, que muitas vezes, por receio de entrar em conflito com as vontades da criança e acabar provocando uma crise, evita atividades que ela não queira fazer. O que acaba atrasando o tratamento e dificultando o desenvolvimento da criança.
Com o tempo, a criança com problemas de comportamento vai moldando o próprio círculo familiar às vontades dela, criando um ambiente em que os adultos e demais correlativos passam a ter receio de contrariá-la, para evitar crises.
Passa então a ser muito difícil convencê-la a sair da televisão, a tomar banho, sentar-se à mesa para comer, etc.
Qual o objetivo do comportamento inapropriado?
A função primária do comportamento inapropriado é a obtenção de um objeto de desejo, seja ele algo tangível ou uma vontade.
A criança quer um brinquedo, um alimento, um suco, sair para passear em hora inapropriada ou ver a sua pessoa favorita.
A segunda função é a busca por atenção: a criança com problemas de comportamento está tentando fazer com que as pessoas olhem para ela, observem-na.
Vale lembrar que, nesses casos, atenção negativa também é atenção.
A terceira função é exercer controle: “quero as coisas do meu jeito, na hora que eu quero e como eu quero, e se alguém fizer diferente ou me contrariar, teremos um problema”.
A quarta função é servir de válvula de escape: evitar uma demanda, uma brincadeira que a criança com autismo não queira, evitar interagir com uma pessoa que ela não gosta ou ir a um lugar que ela não queira. Como o consultório do terapeuta, por exemplo.
Lidando com problemas de comportamento
A intervenção comportamental com crianças autistas tem como objetivo a minimização e extinção de comportamentos inapropriados e o ensino e reforço de comportamentos adequados.
A primeira etapa do processo é identificar qual a finalidade desse comportamento, sua função pragmática, objetiva e observável. Observar com atenção e buscar o motivo da birra.
A segunda etapa é não reforçar o comportamento inapropriado. Isso não significa necessariamente privá-la das suas vontades e necessidades, mas que ela aprenda a fazer suas demandas de maneira apropriada.
Muitas vezes, o comportamento inapropriado acaba substituindo os comportamentos saudáveis com o tempo. Se a criança com autismo tem suas vontades atendidas sempre que se torna agressiva, ela acaba levando esse comportamento adiante até a vida adulta.
A terceira etapa é identificar um comportamento apropriado alternativo, sendo a quarta etapa ensinar o novo comportamento em um contexto em que se garanta que ele vá substituir o comportamento inapropriado para a mesma função.
Diagnóstico e tratamento
A maneira mais eficaz de lidar com problemas de comportamentos em crianças com autismo se dá através da terapia e do acompanhamento profissional.
Existem atualmente diversos métodos de tratamento que visam melhorar a qualidade de vida da criança, dos seus amigos e familiares, através de reforço positivo que eleva a autoestima e a autoconfiança da criança autista.
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