O desenvolvimento das funções executivas é fundamental para o comportamento social e acadêmico das crianças, especialmente aquelas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
As funções executivas envolvem processos cognitivos que regulam ações, emoções e pensamentos, permitindo que o indivíduo se organize, tome decisões e se adapte a novas situações. Para crianças com TEA, dificuldades nessas áreas, como impulsividade, desatenção e resistência a mudanças, podem afetar negativamente a interação social e o aprendizado.
As principais funções executivas – memória de trabalho, controle inibitório e flexibilidade cognitiva – são essenciais para a construção de habilidades sociais, como respeitar turnos, compartilhar e lidar com imprevistos.
Estimular essas funções desde cedo, tanto no ambiente familiar quanto escolar, pode ajudar a criança a melhorar a sua comunicação e a socialização, promovendo seu desenvolvimento emocional e cognitivo de maneira eficaz.
Neste texto, abordaremos a relação entre funções executivas e habilidades sociais, explicando como essas funções impactam o comportamento e oferecendo estratégias práticas para os pais e educadores estimularem essas habilidades no dia a dia.
O que são funções executivas?
As funções executivas consistem em um conjunto de habilidades cognitivas que ajudam o indivíduo a regular o próprio comportamento e a direcionar suas ações para alcançar metas específicas.
De acordo com a pesquisadora Diamond (2013), elas incluem habilidades como memória de trabalho, controle inibitório e flexibilidade cognitiva. Essas funções atuam em conjunto, permitindo que a criança tome decisões, se concentre em uma tarefa, controle impulsos e se adapte a novas situações.
Como elas afetam a interação social no autismo?
No caso das crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), o desenvolvimento das funções executivas têm um impacto direto nas habilidades sociais. As dificuldades comuns, como resistência a mudanças, impulsividade e desatenção, podem ser mais acentuadas devido à imaturidade nas funções executivas. Isso pode afetar a capacidade de esperar a vez para falar, interagir com os colegas de forma cooperativa e lidar com situações inesperadas.
As funções executivas são fundamentais para a formação de habilidades sociais, como saber respeitar limites, compartilhar, esperar a vez, e até mesmo para reconhecer e entender os sentimentos dos outros. Sem essas habilidades, a criança pode enfrentar desafios para se inserir em grupos sociais e criar vínculos.
3 pilares fundamentais: memória de trabalho, controle inibitório e flexibilidade
O desenvolvimento das funções executivas envolve três habilidades principais:
- Memória de trabalho: A capacidade de armazenar e manipular informações de forma temporária. Por exemplo, quando a criança segue uma instrução, como “guarde o brinquedo antes de comer”, ela usa a memória de trabalho para lembrar da tarefa até que ela a complete.
- Controle inibitório: Esta habilidade permite que a criança controle impulsos e reações imediatas, como esperar a sua vez de falar ou não reagir a estímulos que a distraem. O controle inibitório é crucial para o comportamento social adequado, como respeitar regras de convivência.
- Flexibilidade cognitiva: A capacidade de adaptar-se a mudanças e novas situações. A flexibilidade cognitiva ajuda a criança a lidar com imprevistos, como mudanças de planos ou a introdução de novas atividades. Isso é fundamental para que ela possa interagir de maneira flexível em diversos contextos sociais.
Estratégias práticas para estimular funções executivas em casa
O estímulo das funções executivas pode ser feito de maneira simples no dia a dia, sem a necessidade de recursos complexos. Algumas estratégias práticas para os pais incluem:
- Estabelecer rotinas claras: Criar um ambiente estruturado e previsível é essencial para o desenvolvimento das funções executivas. Atividades como organizar o quarto, preparar a mesa para as refeições ou escolher a roupa do dia são ótimas maneiras de estimular a memória de trabalho e o controle inibitório.
- Jogos e brincadeiras que desafiem a criança: Jogos de tabuleiro, atividades de espera (como jogos de “esquecer a vez”) e brincadeiras cooperativas ajudam a desenvolver a flexibilidade cognitiva e o controle inibitório.
- Dar instruções claras e simples: Ao pedir para a criança realizar uma tarefa, é importante ser claro e objetivo. Você pode usar pistas visuais, como imagens ou cartões, para ajudar a reforçar a memória de trabalho.
- Reflexão sobre o comportamento: Quando a criança não seguir uma instrução, use momentos de reflexão. Por exemplo, se ela não conseguiu esperar a vez em um jogo, converse sobre como isso pode ser feito de forma mais adequada na próxima vez.
Como essas funções contribuem para a convivência familiar e escolar
Estimular as funções executivas em casa e na escola pode melhorar significativamente a convivência familiar e escolar.
Quando as crianças desenvolvem a memória de trabalho, o controle inibitório e a flexibilidade cognitiva, elas se tornam mais aptas a lidar com as demandas sociais e acadêmicas, respeitando regras e interagindo de forma mais cooperativa. Essas habilidades também contribuem para o sucesso em tarefas cotidianas, como seguir instruções, completar tarefas e se organizar.
Além disso, o fortalecimento dessas funções executivas pode reduzir a impulsividade e a desatenção, promovendo uma comunicação mais fluida e eficaz entre pais, professores e a criança.
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Assinatura:
Gercielio Ferreira, Psicólogo e Neuropsicólogo – CRP10-07214
Especialista em Análise Aplicada do Comportamento (ABA) e Desenvolvimento Infantil, Coordenador de Caso Clínico do Programa de Habilidades Sociais – Espaço Arima