Integração sensorial: o que é, como é a sala e quais as vantagens

criança com autismo em terapia na sala de integração sensorial

Afinal, você sabe o que é integração sensorial? As sensações do corpo estão presentes desde a gravidez. 

Os sistemas sensoriais e o movimento (integração sensorial) são processos importantes do neurodesenvolvimento, sendo a infância uma fase extremamente importante para aquisição e desenvolvimento de funções e habilidades cruciais para interação com o mundo.

Liddle e Yorque (2007) explicam que a interação adequada entre os sistemas sensoriais faz o ambiente ser interpretado de forma apropriada e a criança conseguir coordenar as informações de forma organizada. 

Isto a faz agir de maneira competente e autoconfiante no seu meio, sendo capaz de desempenhar uma série de jogos corporais, facilitando sua socialização. 

E, à medida que cresce, a integração desses sistemas sensoriais se torna mais eficiente, permitindo, por exemplo, que uma criança se concentre e consiga terminar uma atividade sem se distrair com barulhos externos.

Nesse contexto, a forma como a criança se expressa, executa uma ação, aprende a solucionar problemas, interage com seu meio e com as pessoas, de modo geral, pode definir como ela vai aprender e se desenvolver. 

Baseado nos princípios teóricos de evidências da neurociência, a Dra. Jean Ayres identificou que o comportamento e as emoções são regulados por mecanismos cerebrais” (ROLEY e JACOBS, 2011, p. 805).

Ao continuar a leitura, você entenderá o que é integração sensorial, como funciona a sala de tratamento e quais as vantagens. Vamos lá? 

Como surgiu a integração sensorial?

Segundo a ABIS (Associação Brasileira de Integração Sensorial), a integração sensorial, conforme conceituada pela Dra. Jean Ayres, é um processo neurológico que organiza as sensações do corpo e do ambiente, permitindo uma interação eficiente com o mundo ao redor. 

Ayres, uma terapeuta ocupacional e psicóloga, começou a desenvolver essa teoria na década de 1950, após observar crianças com dificuldades de aprendizagem e comportamento que não se encaixavam nos diagnósticos existentes na época. 

Ela propôs que essas dificuldades poderiam ser resultado de uma disfunção na maneira como o cérebro processa as informações sensoriais.

Durante sua pesquisa, Ayres identificou que o cérebro deve organizar as sensações de vários sistemas sensoriais, incluindo: tato, visão, audição, propriocepção e o sistema vestibular (relacionado ao equilíbrio e à orientação espacial).

Ayres recebeu seu bacharel em terapia ocupacional em 1945, seu mestrado em 1954 e seu PhD em psicologia educacional em 1961, todos pela University of Southern California. 

Após sua formação, começou a trabalhar no Instituto de Pesquisa do Cérebro da UCLA, onde seu interesse e estudo da disfunção de Integração Sensorial começaram. 

Em 1976, Ayres fundou a Clínica Ayres em Torrance, Califórnia, dedicada ao tratamento de crianças com disfunções de integração sensorial. 

Seu legado continua a influenciar a prática terapêutica ocupacional e a pesquisa em neurociência. 

Após seu falecimento em 1988, muitos terapeutas ocupacionais e cientistas de diversas partes do mundo continuaram a desenvolver pesquisas relacionadas ao processamento das sensações pelo cérebro e a aprimorar o modelo teórico de Ayres.

O que é integração sensorial?

A integração sensorial é hoje reconhecida como um processo neurobiológico fundamental que promove a capacidade de processar, organizar e interpretar sensações, respondendo de maneira apropriada ao ambiente. 

Isso permite que os sentidos forneçam informações sobre as condições físicas do corpo e do ambiente.

Com isso, a criança pode experimentar o corpo nas ações e atividades do dia-a-dia. 

Em contraste, a Disfunção de Integração Sensorial é uma desordem na qual a informação sensorial não é integrada ou organizada adequadamente no cérebro, levando a dificuldades na percepção, interpretação e resposta aos estímulos sensoriais.

O método foca nas sensações corporais promovidas pelos sistemas vestibular, proprioceptivo e tátil, por estes possuírem propriedades maturacionais, proporcionarem informações diferenciadas e influenciarem na interpretação de informações de outros sistemas.

Portanto, a integração sensorial é um método voltado para a influência fundamental do processamento sensorial no desenvolvimento e na função humana, pois explica a conexão do sistema nervoso com o comportamento e como a sensibilidade afeta o aprendizado, o desenvolvimento socioemocional e os processos neurofisiológicos, como o desempenho motor e a atenção (ROLEY e JACOBS, 2011).

No Brasil, somente o Terapeuta Ocupacional pode realizar a formação completa e obter a Certificação Internacional de Integração Sensorial. 

A medida de fidelidade orienta a aplicação dos princípios da Integração Sensorial na prática terapêutica ocupacional e a realização de pesquisas, garantindo que a intervenção seja realizada de acordo com os padrões estabelecidos por Ayres. 

Este processo é essencial para entender o corpo, o ambiente e todos os estímulos exteriores, criando uma reação de aprendizado de acordo com cada um deles.

Como é feito o tratamento de integração sensorial

O tratamento de integração sensorial (IS) é amplamente utilizado no cuidado de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), pois as alterações sensoriais são parte dos critérios diagnósticos do DSM-5 (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais).

Outras condições diagnósticas associadas a padrões de modulação sensorial incluem Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, X frágil, Paralisia Cerebral, Síndrome de Down, Distúrbios de Modulação e Dispraxia.

No entanto, o tratamento de IS também pode ser aplicado a indivíduos sem diagnóstico formal, mas que apresentam características indicativas de desordens sensoriais e comportamentais, como atraso no desenvolvimento em adultos e dificuldades de aprendizagem.

O tratamento de IS é conduzido por Terapeutas Ocupacionais qualificados, que recebem formação específica em integração sensorial. Esses profissionais utilizam a IS como um protocolo valioso para avaliar e tratar indivíduos que apresentam disfunção ou problemas no processamento sensorial.

Durante a terapia, o terapeuta ocupacional realiza atividades sensoriais planejadas que podem incluir o uso de diferentes texturas, sons e movimentos, adaptando-as às necessidades individuais de cada paciente. 

Isso pode melhorar habilidades como coordenação motora, equilíbrio, alimentação, fala e atenção. 

Além disso, especialistas como psicomotricistas também podem estar envolvidos no tratamento, trabalhando aspectos como saúde, educação e cultura do paciente.

Vale ressaltar que a integração sensorial não se restringe apenas ao público infantil, sendo também aplicada em adultos.

Sala de Integração Sensorial do Arima

A Sala de Integração Sensorial do Arima é mais do que um simples espaço terapêutico; é um ambiente dedicado ao cuidado especializado em integração sensorial. 

Concebida com esmero, nossa sala oferece um ambiente clínico construído para proporcionar uma experiência terapêutica acolhedora e eficaz para nossos pacientes.

Equipada com uma variedade de instrumentos de medição das funções sensoriais integrativas, como o Perfil Sensorial, nossa sala possibilita uma avaliação completa e abrangente das necessidades individuais de cada paciente.

Essa abordagem personalizada é fundamental para garantir que cada pessoa receba o tratamento mais adequado às suas necessidades específicas.

Nossas estratégias de tratamento são desenvolvidas e implementadas por terapeutas ocupacionais altamente qualificados e certificados em integração sensorial. 

Com uma combinação de conhecimento especializado e dedicação, nossos profissionais empregam técnicas terapêuticas comprovadas para promover a regulação sensorial, aprimorar as habilidades de processamento sensorial e melhorar o desempenho funcional de nossos pacientes.

Na Sala de Integração Sensorial do Arima, a excelência no atendimento é nossa prioridade. 

Nosso compromisso é oferecer não apenas tratamento, mas também suporte e compreensão em cada passo do caminho. 

Junte-se a nós e descubra como podemos ajudá-lo a alcançar seu potencial máximo e desfrutar de uma melhor qualidade de vida.

Como se apresenta a disfunção sensorial

A disfunção sensorial apresenta-se da seguinte forma: 

Modulações que são problemas de reatividade sensorial que afetam o alerta (grau de excitabilidade) com impacto no aspecto emocional; 

Problemas de discriminação sensorial que são dificuldades de interpretar a informação sensorial de forma eficaz;

Perturbações motoras de base sensorial que inclui dois subtipos: problemas posturais e dispraxias, que podem impactar sobre as estratégias de regulação afetando as funções práticas e habilidades motoras.

Dentre as queixas sensoriais que os pais trazem na avaliação em integração sensorial de sua filha(o), estão:

  • ser desajeitada e quebrar brinquedos;
  • buscar atividades que envolvam pular, empurrar, puxar, morder, mastigar coisas;
  • gostas de explorar através do toque, levar objetos à boca;
  • ter dificuldades com tarefas que exijam manipulação;
  • dificuldade com tarefas de coordenação motora grossa e fina;
  • dificuldade na escrita e leitura;
  • não gostar de mudança de temperatura como entrar e sair do banho, ficar descalço, pentear ou cortar os cabelos, assim como, cortar as unhas e escovar os dentes;
  • ter uma tendência a andar nas pontas dos pés;
  • ter medo de movimento, ficar enjoada ao andar de carro;
  • evitar tirar os pés do chão, buscando por grandes quantidades de movimentos;
  • dificuldades com atividades de coordenação motora bilateral;
  • ter atraso no desenvolvimento como os marcos para a fala e linguagem.

Por isso, a intervenção acontece com base na medida de fidelidade que orienta a aplicação dos princípios da IS na prática terapêutica ocupacional e a realização de pesquisas, de modo que o uso dos princípios deve ser fiel às questões específicas do método. A fidelidade articula estratégias e processos próprios relacionados à fundamentação teórica e as evidências existentes (ROLEY e JACOBS, 2011).

As sensações fazem parte de tudo que fazemos no dia-a-dia, para as criança as atividades diárias são organizadoras e preditoras de situações ambientais enriquecedoras, porém, quando uma criança apresenta uma disfunção sensorial, seu desempenho ocupacional sofre impacto significativo limitando sua capacidade funcional e social e, assim, repercutindo na aprendizagem de habilidades novas e a autorregulação comportamental e cognitiva (emocional), ou seja, não conseguem responder as informações sensoriais de forma adaptativa às exigências do meio.

Trabalhar com neurodesenvolvimento infantil requer conhecimento amplo e especializado, atuar com o método da integração sensorial requer cada vez mais mergulhar a fundo nas complexas funções cerebrais e suas conexões, entendendo o impacto desse funcionamento na vida humana e o que se pode fazer para ajudar na obtenção de uma vida independente e com autonomia.

Benefícios da integração sensorial

A integração sensorial possui o objetivo de ajudar as crianças a desenvolverem habilidades de organização, interpretação de sensações e responder de maneira adequada aos estímulos através do ambiente e do corpo, melhorando as tarefas do dia a dia e sua qualidade de vida.

E como falamos acima, a integração sensorial é destinada – principalmente – às crianças que possuem disfunções sensoriais e comportamentais, como os indivíduos com diagnóstico de autismo, incluindo o autismo de nível 1, TDAH e distúrbios neurológicos (paralisia cerebral, DNPM, dentre outros).

Ou seja, a criança que possui dificuldade de interação com as reações do mundo externo como cheiros, sons, toques, estímulos de visão e paladar, devem ter acompanhamento para uma avaliação e diagnóstico corretos de um terapeuta ocupacional especializado e desfrutar dos benefícios da integração sensorial, que são:

Ajudar a criança a melhorar a forma de explorar o ambiente ao redor de forma agradável e natural;

  • Organização da conduta;
  • Aumento da habilidade de se manter interessado em algo por mais tempo;
  • Promove a melhora das habilidades motoras;
  • Aumenta a confiança e autoestima da criança em suas habilidades próprias, gerando sensação de orgulho por si mesmo;
  • Melhora as interações sociais e de ambiente, fazendo com que a criança se sinta inserida e acolhida nos contextos reais.

Além da sala de integração sensorial, existem outros tratamentos importantes para a saúde e bem estar de crianças, como o Programa de Estimulação Global

Para conhecer mais sobre integração sensorial e saúde da criança e do adolescente, entre em contato com a equipe do Espaço Arima através do canal de atendimento, estamos prontos para tirar todas as suas dúvidas!

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